Olá amigos,
Como todos devem saber, os Falcons 2017 já deram as caras e muitos fãs, colecionadores e entusiastas começaram a receber, comprar e se divertir com eles.
A chegada do nosso herói tem despertado muitos sentimentos dos mais diversos, de lembranças da infância, saudosismo, melancolia, alegria, enfim, uma roleta de sensações.
Nosso amigo há anos, grande colecionador de brinquedos, entusiasta da cultura pop, professor e Beatlemaníaco, o grande Guilherme Lentz escreveu um texto em sua página do Facebook que achei fantástico e traduz muito bem o que sentimos com a chegada do Falcon e pedi permissão a ele para fazer esta matéria citando-o.
Bem, aqui vai o excelente texto do professor Guilherme Lentz:
Foi um susto e tanto descobrir, quanto a internet começou a fornecer ferramentas para isso, que o Falcon havia sido um brinquedo tão marcante para muita gente da minha geração. Graças a isso, comecei naquela época amizades que duram até hoje e que tenho em muito alta conta.
Parte desse susto estava na descoberta de que, para muitos dos meus colegas, o Falcon teria uma personalidade mais malandra, mais desbocada, como um Nicky Fury ou Wolverine das histórias em quadrinhos. Na cabeça deles, o Falcon falava palavrões, era mais truculento, até mulherengo.
Eu sempre o havia imaginado com uma personalidade mais apolínea, na linha de paladinos da justiça como Fantasma e o Capitão América, o Super-Homem do Christopher Reeve. Nunca conseguiria imaginar o Falcon gritando algo como "Tá na hora do pau!".
Em parte, eu baseava essa impressão nas minhas leituras da infância mesmo; em parte, talvez, em modelos que eu tinha por perto; em parte por causa dos poucos traços narrativos que existiam sobre o Falcon, como os disquinhos e as revistinhas, que sempre mostravam um sujeito com uma personalidade mais heroica no sentido do bom-mocismo.
E, claro, há também o rosto dele. Sempre fui encantado com o rosto do Falcon, mesmo antes de entender isso com clareza. Quando eu era criança, perguntava a minha mãe se ele nos via com os olhos dele e se o cabelo dele crescia como o nosso. Ele me passava esse senso de realidade.
Hoje, tento explicitar para mim mesmo um pouco mais aquelas percepções. O que esse rosto nos diz? Criança, ele não é; tampouco muito jovem. É um homem feito, mas não tão maduro. Ele tem um olhar sereno e autoconfiante. Certamente está no controle da situação e seguro de suas habilidades. Não tem raiva, nem impulsividade. Ele não é alguém que se atira cegamente ao perigo nem que se deixa intimidar. Sua expressão tem uma nuance de tristeza e melancolia; certamente o Falcon já conheceu perdas e insucessos, certamente ele lida com os sacrifícios e dilemas que dedicar a vida ao bem exige; mas também tem consciência dos limites humanos e da esperança de poder contribuir. Ajudar é um impulso natural, que ele nem questiona; apenas espera estar em condição de concretizar. Ele tem um entendimento tácito das fragilidades e pequenezas humanas, e tem sobre isso um olhar levemente crítico, mas acolhedor e solidário, o que se esboça em um leve quase-sorriso que ele parece sempre prestes a esboçar. Impossível imaginá-lo em desespero ou traindo um de seus princípios, em relação aos quais é muito convicto. Ele tem uma elegância, mas uma elegância que não vem de vaidade, e sim da realização interna de sua humanidade.
Um amigo, certa vez, me disse que o Falcon havia sido, para ele, mais do que um brinquedo, um modelo de vida. Tive que assinar embaixo.
E vocês?
Que sentimento tiveram ao tirar seu Falcon da Caixa 40 anos depois?
Um forte abraço a todos os leitores!!